PALAVRAS DE SEDA

Escrever passou a ser necessidade diária, como a respiração mantém o corpo vivo, o ato de escrever mantém minha alma solta para trafegar pelo mundo dos sonhos.
Ao me deixar levar pelas palavras visualizei novo horizonte e criei asas. Voei.
Em vinte anos escrevi dezenove livros em vários estilos: conto, crônica, poesia, romance e biografias.
Alguns de meus livros biográficos foram livremente inspirados para o cinema e TV. Ganharam prêmios.
O importante é continuar escrevendo, registrando histórias e estórias para que a memória não se perca no mundo digital.
De tanto escrever biografias resolvi deixar o registrado meu ensaio biográfico cujo viés é meu Anjo da Guarda. Pode parecer um pouco estranho, porém é bem real. Por isso, acesse também o meu blog "Os Anjos não envelhecem", eu disponibilizei meu livro na íntegra, onde constam fotografias e documentos. O livro físico está esgotado.
Viaje através das palavras. Bem-vindo (a).

















































































































quinta-feira, 13 de agosto de 2020

"Pseudopaludicola coracoralinae"

Uma homenagem à poetisa Cora Coralina.
“Cânticos da Terra” é o título do capítulo 19 da II Parte do livro "Cora Coralina Raízes de Aninha", que escrevi em parceria com Clóvis Carvalho Britto. A grande parte desse capítulo escrevi em Andradina, ainda mais quando visitei a chácara “Casinha Branca”, onde a poesia telúrica marcou presença nos seus escritos, inclusive em 1944, seu lindo poema “Terra” (até então inédito) foi publicado no jornal “O Andradina”. Aos 55 anos, ela se denominava “Mulher Terra”. Nessa chácara Cora mantinha diversas plantações, uma dela era a de milho. Sr. Ricardo Alexandre Roque, atual proprietário, conheceu “dona Cora” (aliás na estrada de terra que chega à chácara tem uma placa “Subida dona Cora”) e me disse que a poetisa fazia inovações nas plantações, sempre respeitando o meio ambiente. Era uma verdadeira ambientalista. Essa era a raiz de Cora Coralina. Raiz que nasceu em Goiás e estendeu-se pelo estado de São Paulo. Raiz que agora está nutrindo não só os brasileiros, mas os amantes da poesia coralineana estão por todo planeta. Cora estendeu suas raízes.No sítio em Andradina eu ganhei algumas espigas de milho provenientes da mesma área onde a poetisa fazia sua plantação.
Nessa época eu decorei os poemas: “Oração do Milho” e “Poema do Milho”. Inclusive os versos:  “Tempo mudado. Revoo de saúva / Trovão surdo, tropeiro. / Na vazante do brejo, no lameiro, / o sapo-fole, o sapo-ferreiro, o sapo-cachorro / Acauã da madrugada / marcando o tempo, chamando chuva” do livro "Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais (UFG, p.110).
E a chuva veio... e o cheiro da terra molhada relembra os versos de Cora. A chuva se fez presente em poças d’água no meio do milharal. Foi então que, segundo vários jornais anunciaram, os pesquisadores Felipe Silva de Andrade e Isabelle Aquemi Haga, captaram a vocalização da nova espécie de anfíbio em Palmeiras de Goiás, cidade distante cerca de 209 km de Goiás, terra natal de Cora Coralina. No meio daquele milharal encontraram um pequeno sapo marrom (entre 1,25cm e 1,53cm) entoando seu coaxar que pode ser ouvido à distância. Esse pequenino anfíbio foi batizado cientificamente como “Pseudopaludicola coracoralinae” pelo grupo de pesquisadores das Universidades Estaduais de Campinas (Unicamp), Paulista (Unesp), no campus Rio Claro, e da Universidade Federal de Uberlândia, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O artigo a respeito do novo anfíbio foi publicado no European Journal of Taxonomy no dia 3 de julho de 2020, escrito por: Felipe Andrade e Isabela Haga, Mariana Lúcio Lyra, Thiago Ribeiro de Carvalho, Célio Fernando Baptista Haddad, Ariovaldo Antonio Giaretta e Luís Felipe Toledo.
Cora Coralina está no coaxar vibrante de um Pseudopaludicola coracoralinae que, no meio do milharal, anuncia que há umidade para que as espigas cresçam e gerem alimento para homens, animais e aves. Quem sabe se daqui a alguns anos, com o avanço da ciência tecnológica possamos decodificar esse coaxar e encontrar lindos poemas de amor à plantação.

Nenhum comentário: