A-DEUS IRMÃ MARIA DA GLÓRIA MJCr.
Queridos devotos de Nossa Senhora das Lágrimas, hoje cedo recebi uma notícia que ao mesmo tempo fiquei triste e alegre. Uma sensação
de perda e de ganho. Chorei e pedi a Nossa Senhora das Lágrimas que oferecesse junto às Suas Lágrimas... as minhas; para que aconteça uma grande graça através do falecimento da Irmã Maria da Glória.
Minha querida amiga que tanto me ajudou a superar uma fase difícil da minha vida e intercessora pela pesquisa para eu escrever a biografia da Irmã Amália e o devocionário às Lágrimas de Maria.
Agora ela encontrou Deus, Jesus, Espirito Santo, Nossa Senhora das Lágrimas, Irmã Amália e minha mãe.
Ontem estive reorganizando o livro OS ANJOS NÃO ENVELHECEM (talvez seja editado e publicado pela Editora Imaculada), minha autobiografia com foco no meu Anjo da Guarda. Nele tem uma parte onde eu descrevi o quanto Irmã Maria da Glória me acolheu com muita atenção e carinho no Instituto.
Peço permissão ao meu Anjo para colocar aqui na íntegra essa parte do livro, páginas 132,133, 134 (obs: a primeira edição deste livro está esgotada):
"Problemas aparecem sempre, precisamos ter força para resolvê-los e seguir adiante. Parar no caminho é sempre mais perigoso do que caminhar. Porém, em certa época eu parei... parei para decidir qual era o rumo que eu devia seguir.
Tempos desgastantes, por mais que eu tentasse não conseguia entender o autoritarismo. Mesmo com tantos ‘nãos’, eu apostei no ‘sim’.
Precisava de um tempo para meditar, para mudar, ou para continuar a mesma. Precisava reencontrar alguma parte minha que estivesse perdida na caminhada.
Eu questionei meu Anjo a razão dele não me socorrer em certos momentos tão difíceis, ou melhor, de deixar que eu sofresse punições que... no meu entendimento eu não merecia as penalidades. Eu queria e não conseguia entender a razão dele ficar calado. Sabia que poderia ser dolorosa demais essa decisão e, mesmo assim, eu... Parei!
Engano torturante dizer que a gente para, ou pensa que para. Mas as pessoas não param para nos entender e, se precisamos de auxílio pedem explicações que nem mesmo a gente tem. E se tiram um tempo para nos ouvir temos de dar satisfação de algo que é só nosso; cair na grande armadilha chamada sobrevivência humana é angustiante.
Resolvi conversar com meu Anjo. Mesmo que eu ainda estivesse machucada com toda erosão em minha alma, mesmo que meu grito parecia não ser escutado por ele. Mesmo que me parecesse que meu Anjo me abandonara.
Eu me coloquei em postura de batalha, uma guerra travada entre o que eu acreditava e o que as pessoas queriam que eu acreditasse. Não sosseguei até que escutei a voz de meu Anjo me instruindo como obter ajuda. Eu estava tão magoada que não quis escutá-lo. Era meu Anjo falando e eu tapando os ouvidos; até que não consegui mais fingir que não era comigo que ele falava.
Nesse mesmo dia, peguei um livro a respeito de Padre Pio (ele ainda não era canonizado nessa época, mas eu rezava pedindo intercessão dele há muitos anos) e abri logo na página onde ele disse que, certa vez, o seu Anjo não atendeu seu chamado de socorro, então Padre Pio ficou muito zangado. Logo depois, o Anjo apareceu para consolá-lo e explicou que Jesus nos permite sofrer assaltos do inimigo para que compreendamos, pelo menos... um pouco, o que Ele passou no Deserto, no Jardim de Getsêmani e na Cruz (Carta I, 113).
Eu fiquei um tempo pensativa, tentando entender o significado daquelas palavras, pois por mais que eu sofresse, jamais chegaria a uma mínima porcentagem do que Jesus sofrera. A resposta me veio rápida: ‘o mínimo para Deus é muito’. Sorri. Meu Anjo disse que a minha ajuda, humana, estava em ficar um tempo em Deserto.
Aceitei a ajuda... fui procurar meu Deserto.
Mudar requer abalo sísmico na alma e todos meus alicerces despencaram. O que eu achava injusto era apontado como justo pelos que desejavam minha submissão. Tentei entender e a resposta veio sonora, através de meu Anjo fiquei ciente de que minha Cruz devia ser carregada por mim... e não deixada de lado; que tudo tinha um propósito maior para o bem. Porém eu estava cansada e nada mais importava a não ser parar e repensar os valores da vida. Saí em busca de uma resposta justa... pelo menos uma que me deixasse em paz.
Alguns dias depois procurei um retiro religioso. Fui para Campinas-SP, ficar junto às irmãs do Instituto das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado. Entidade Religiosa que tem como fundador Dom Francisco de Campos Barreto que foi bispo em Campinas.
Fui para lá porque tenho grande afinidade pela vida de Irmã Amália de Jesus Flagelado e foi nesse instituto onde ela viveu durante alguns anos. Muito me alegrou ao ler sua biografia que ‘no dia 11 de maio, naquele tempo dedicado a Nossa Senhora Aparecida, receberam o hábito azul as primeiras noviças, entre elas a querida Irmã Amália’(Franco,18).
Eu sabia que a Irmã Amália de Jesus Flagelado fora agraciada com o fenômeno dos sagrados estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo e teve várias contemplações da Virgem Maria a quem denominou Nossa Senhora das Lágrimas, isso aconteceu dia 8 de março de 1930, quando ensinou o Terço das Lágrimas. Também revelou à irmã Amália, a Medalha Nossa Senhora das Lágrimas e pediu-lhe que a difundisse pelo mundo inteiro, pois através dela seriam realizadas grandes conversões e muitas almas seriam salvas. Já conhecia a história da Irmã Amália há muitos anos e sempre eu rezava a Coroa das Lágrimas, tinha algumas estampas e medalhas da época em que Irmã Amália era viva, mandada fabricar por ela.
Eu precisava de paz e melhor local não havia para recuperar minha alegria. A Irmã Maria da Glória me reservou um quarto no segundo andar onde eu pudesse ficar tranquila. Deixei minha mala no quarto e fui à capela, a mesma onde irmã Amália muitas vezes recebia a visita de seu amado Jesus e de Nossa Senhora. Lugar sagrado. Fiquei horas e horas em oração. De vez em quando eu via uma irmã entrar em um cômodo atrás do altar, depois voltava feliz. Ia visitar as relíquias de Santa Cristina.
Passei a fazer jejum, porém a irmã Maria da Glória me alertou que eu não deveria fazer tanto jejum, deveria comer algo pelo menos nas principais refeições, comer pouco, mas comer. O verdadeiro jejum é soltar as amarras dos prisioneiros, ela me disse.
Eu pedi autorização para ir à capela durante a noite e me informou que o acesso era somente de dia, à noite ficava fechada.
Então, depois de passar parte da manhã e da tarde em oração na capela, eu passeava pelo pátio do Instituto. À noite eu ficava no quarto, orando, ajoelhada. Certa noite eu disse para meu Anjo da Guarda que meu desejo era ir à capela durante a madrugada e ficar quieta, sem nem mesmo orar, apenas libertar-me das amarguras na alma. Ele ficou quieto. Eu me ajoelhei no chão e fiquei rezando o Credo, depois passei para a oração da Coroa das Lágrimas. Senti cheiro de rosas e dormi.
Acordei no chão, um passarinho estava na janela, cantando. Lembrei-me que aquele era o dia de aniversário de meu pai e, também, me lembrei de São Francisco de Assis. Levantei-me, sorri, peguei um papel e escrevi um poema para o pássaro sonoro. Senti a minha alma leve, liberta do rancor, desejava apenas a justiça.
Fui ao refeitório e me alimentei um pouco. Depois a irmã Maria da Glória me levou para uma sala especial onde constam alguns pertences da irmã Amália do Jesus Flagelado, inclusive alguns hábitos, devocionários, imagem de Jesus Manietado e alguns terços e medalhas. Ela pediu que eu abrisse a mão e depositou uma antiga medalha, que tem a desgastada figura de Nossa Senhora das Graças. Peguei a medalha e olhei-a atentamente enquanto a Irmã me informava: ‘Essa medalha foi muito usada pela Irmã Amália, por isso está gasta desse jeito. Ela agora é sua’.
Fiquei tão feliz que não consegui expressar meu contentamento, jamais haveria de pensar em algo tão maravilhoso como foi aquele presente.
DICA: Quando você passar por problemas e não conseguir compreender a razão de tanto sofrimento, quando se sentir ultrajada e não entender a punição indevida, não se deixe dominar pelo ódio; peça para que seu Anjo afine seu pensamento com o bem, com a paz, com o poder da Luz Divina. Faça esse exercício até que sinta que perdoou."