PALAVRAS DE SEDA
Escrever passou a ser necessidade diária, como a respiração mantém o corpo vivo, o ato de escrever mantém minha alma solta para trafegar pelo mundo dos sonhos.
Ao me deixar levar pelas palavras visualizei novo horizonte e criei asas. Voei.
Em vinte anos escrevi dezenove livros em vários estilos: conto, crônica, poesia, romance e biografias.
Alguns de meus livros biográficos foram livremente inspirados para o cinema e TV. Ganharam prêmios.
O importante é continuar escrevendo, registrando histórias e estórias para que a memória não se perca no mundo digital.
De tanto escrever biografias resolvi deixar o registrado meu ensaio biográfico cujo viés é meu Anjo da Guarda. Pode parecer um pouco estranho, porém é bem real. Por isso, acesse também o meu blog "Os Anjos não envelhecem", eu disponibilizei meu livro na íntegra, onde constam fotografias e documentos. O livro físico está esgotado.
Viaje através das palavras. Bem-vindo (a).
domingo, 5 de junho de 2011
AS NOVAS E AS VELHAS ROTAS
Na transparência do mundo algumas pessoas se fazem mais vitoriosas, alçam vôo para lugares longínquos e se calam por algum tempo. Assim são os que encontram um novo caminho, onde em alguma encruzilhada se dispersaram dos lugares comuns, procuravam um novo sentido para suas vidas. Enquanto a maioria segue na retórica de um traçado genético, previsíveis, constantes e falantes, outros, caminham quietos, em becos escuros, em picadas no mato, ruas desertas... lugares incomuns. Na solidão de um ser.
A solidão do ser é amiga das palavras escritas. O dom que floresce na primavera é polinizado pelos pensamentos harmoniosos dos que vivem na mesma floresta, no verão vem os frutos que saciam a fome textual, para no outono caírem as palavras que gentilmente adubarão os cadernos com frases unidas, cosidas em traços, pontos e vírgulas, que formam o livro, agasalho para o inverno branco das folhas.
O inverno branco das folhas produz nostalgia, domina o ciclo, motiva para o preenchimento de sentimentos intensos. Mesmo assim, alguns resistem ao dom. Travam dentro de si uma batalha de titãs: eu sei, eu posso, eu quero, mas... mas... mas!...
Esse mas, não combina com o terno de classe, com o sapato italiano e nem com o chapéu inglês, esse mas é puramente a roupa nova do rei, onde o nada fica exposto, onde o abismo é o caminho que leva ao grão. O grão de poeira da palavra que é metamorfose das estações. O grão que gera vida quando cai junto com as folhas caducas, o grão que anseia pela terra, o grão que espera a temporada das chuvas para virar lama, para ser moldado pelos dedos ágeis do escritor, para ter em si o sopro do criador, o grão/cuidado, palavras de vida. Livros que ficam.
Livros que ficam, autores que partem, saem da floresta, árvores gigantes que caem abrindo clareira. Perto delas várias outras árvores, pequenas, crescem estimuladas pelas palavras da árvore mãe, caída, inerte em si, vivendo nos outros. Sim... os livros ficam, latentes na memória dos leitores, estimulantes na prateleira de uma biblioteca, insinuantes na gôndola de uma livraria, rabiscados e amassados na cabeceira da cama dos que gostam de dormir embaixo de uma grande árvore.
Embaixo de uma grande árvore encontramos o espelho de Alice. Nunca é tarde para correr atrás de nosso coelho mágico. Nem mesmo de olhar apenas os sorrisos das pessoas. A parte lúdica de tudo isso é ler o mesmo livro e encontrar outras verdades. Essa magia não há quem desfaça, é de cada um. Por isso na transparência do mundo algumas pessoas se fazem mais vitoriosas.
Rita Elisa Seda
Crônica publica no jornal O Vale, maio de 2011.
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3 comentários:
Querida amiga
Sim... Há momentos em que devemos abrir mão das velhas rotas e nos aventurar às novas.
Há momentos em que devemos compactuar com a solidão para que palavras amigas possam fluir.
Há momentos em que devemos nos distanciar dos tantos mas, das desculpas descabidas, dos deixar para depois e nos aventurar ao agora, ainda que sangrando o coração.
Há momentos em que devemos deixar que o verbo flua em nós e se transporte para as linhas do texto e torne público o poeta fingidor, que ainda fingindo a dor possa fazer bem ao que lê.
Leitor que ao livro se lança, quer nas salas de uma biblioteca, quer nas praças, acobertados ao frescor das sombras das árvores, quer no aconchego de uma cama quentinha - leitura a dois.
Velhas rotas. Linhas escritas nos caminhos de um passado que, embora insista em permanecer, passara.
Novas rotas. Linhas em branco para serem escritas, ainda que o tempo avançado faça sua conta - ainda é possível o realizar do sonho.
É possível transformar sim velhas rotas em novas. É possível além do ponto, fazer uma nova leitura, quando a alma não é pequena.
É possível tornar-se vitorioso,às novas rotas, ainda que todas as circunstâncias apontem aos desvios das velhas rotas.
Sim, querida amiga Inajá, evitar os devios que levam às velhas rotas é estar acordada para a vida, é não ter medo das mudanças, é escolher outro caminho com a certeza de que pelo menos está buscando algo novo. Isso eu chamo de coragem! Beijos, felicidades e a paz!
Obrigada querida amiga pelas palavras de incentivo neste momento de novas mudanças.
Postei o artigo no meu blog http://retalhosdeleituras.blogspot.com/2011/06/momento-para-novas-rotas.html
Estou sentindo saudade nesses dias de ausência.
Um forte abraço e até mais na paz
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