PALAVRAS DE SEDA

Escrever passou a ser necessidade diária, como a respiração mantém o corpo vivo, o ato de escrever mantém minha alma solta para trafegar pelo mundo dos sonhos.
Ao me deixar levar pelas palavras visualizei novo horizonte e criei asas. Voei.
Em vinte anos escrevi dezenove livros em vários estilos: conto, crônica, poesia, romance e biografias.
Alguns de meus livros biográficos foram livremente inspirados para o cinema e TV. Ganharam prêmios.
O importante é continuar escrevendo, registrando histórias e estórias para que a memória não se perca no mundo digital.
De tanto escrever biografias resolvi deixar o registrado meu ensaio biográfico cujo viés é meu Anjo da Guarda. Pode parecer um pouco estranho, porém é bem real. Por isso, acesse também o meu blog "Os Anjos não envelhecem", eu disponibilizei meu livro na íntegra, onde constam fotografias e documentos. O livro físico está esgotado.
Viaje através das palavras. Bem-vindo (a).

















































































































quarta-feira, 28 de setembro de 2011

arisca ave


Menino, muito menino, quis aprisionar, pelo menos, um dos muitos sonhos que coloriam a minha permanente modorra. Fiz planos, desejei roteiros que me pareciam quase concretos.


Com mãos meticulosas, selecionei, entre milhares, gravetos de esperança – tábuas miniaturais, amarrei-as, uma a uma, com arame de névoas da cor da ilusão.


 A portinhola foi toda ela envernizada com as cores do segredo.



Faltava a isca. Fui ao moinho do coração e recolhi farelos de utopias. E saí à caça.


Durante uma vida, andei planícies, subi morros, desci vales. Estive por invernos na linha do horizonte azul.




Quando ficou noite, os trôpegos pés da alma, feridos com tantas pedras, tantos descaminhos, me trouxeram de volta. 



Na mochila surrada, vazia de tudo, apenas o alçapão para aprisionar sonhos.




Menino,  muito menino, fico sentado, esperando que a manhã volte. E que um sonho, filhote que seja, venha ao menos pousar na minha janela.



Luiz Cruz de Oliveira
Franca-SP
do livro: "por enquanto canto"

Conheci o  poeta, romancista, dramaturgo e cronista Luiz Cruz na casa dele,  em 2009, quando estive em Franca. Foi uma tarde memorável, com direito à declamações de poemas, conversas descontraídas e autógrafos. Dentre as dezenas de livros de sua autoria recebi pelo menos oito, todos com dedicatórias especiais. São livros que sempre releio, pois me remetem às imagens geniais, me tiram da zona de conforto de idéias e me levam ao mundo do impossível. Obrigada querido poeta, por existir, por mostrar superação física onde apenas os batalhadores conseguem enxergar o horizonte. 

Rita Elisa Seda
Cronista, poeta, biógrafa, fotógrafa e pesquisadora.

3 comentários:

Inajá Martins de Almeida disse...

Lindo minha amiga.

Encontrei-me nas entrelinhas.
Era o poeta que me falava. Que me levava aos meu caminhar. Que me desvendava as pedras, que me chamavam, que me escutavam. Que até zombavam de meu coração criança, em corpo já marcado pelos anos vivido.
É bom poder voltar. É bom poder deixar um pedacinho de passado para se ter na lembrança. Também é bom receber como presente os retalhos amealhados do passado que ainda insiste em ser presente.
Maravilhosa postagem. Ricas palavras.
Bom te ver neste espaço novamente.

Rita Elisa Seda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rita Elisa Seda disse...

Inajá, o Luiz Cruz é mesmo espetacular. Suas palavras são mesmo marcantes, traduz a alma com a simbologia dos que viajaram por Mares "Dantes" Nunca Antes Navegados!
Beijos, felicidades e a paz!