Quando a saudade aperta,
A mente grita seu desespero.
Talvez temendo que a boca
Já se tenha esquecido do tempero.
Quando a memória balança,
O corpo fica vivo.
As vezes querendo mudança,
Outrora exalando conservadorismo.
Quando os olhos se abrem,
A boca dá a deixa:
Se vê coisa boa, sorriso;
Se vê coisa tosca, se queixa.
Vê-se a vida por uma janela
Que é nova
(o dia todo, todo dia)
Encurta,
Escurece,
Clareia,
Amplia.
Há quem olhe por trás do vidro
Há quem abra e se entregue.
Quem não abre, pensa estar em segurança.
Sem notar que o vidro-medo
É frágil.
Qualquer pedrisco o transpassa.
Sábios são os que abrem,
Estes conseguem sentir o vento.
Ah! O vento... que por vezes é rude,
É também quem traz o cheiro.
Aí atiça a lembrança, a “queixosa do tempero”.
Atiça a memória, a que “reina o tempo inteiro”.
Atiça os olhos, que delegam à boca:
“Sorria!”
Atiça (por completo) o ser,
À noite
À tarde
De dia.
Da minha janela,
Ando vendo gente de janela fechada.
Convido-as
(gentilmente):
“Abram-na”.
Querendo, contudo, abrir logo.
Talvez até na base da pedrada.
Da minha janela vejo muito
E ela vê quase nada:
Alguém exercitando a paciência.
De olhos abertos
Sorriso no rosto
E alma lavada.
João Batista Venâncio
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