PALAVRAS DE SEDA

Escrever passou a ser necessidade diária, como a respiração mantém o corpo vivo, o ato de escrever mantém minha alma solta para trafegar pelo mundo dos sonhos.
Ao me deixar levar pelas palavras visualizei novo horizonte e criei asas. Voei.
Em vinte anos escrevi dezenove livros em vários estilos: conto, crônica, poesia, romance e biografias.
Alguns de meus livros biográficos foram livremente inspirados para o cinema e TV. Ganharam prêmios.
O importante é continuar escrevendo, registrando histórias e estórias para que a memória não se perca no mundo digital.
De tanto escrever biografias resolvi deixar o registrado meu ensaio biográfico cujo viés é meu Anjo da Guarda. Pode parecer um pouco estranho, porém é bem real. Por isso, acesse também o meu blog "Os Anjos não envelhecem", eu disponibilizei meu livro na íntegra, onde constam fotografias e documentos. O livro físico está esgotado.
Viaje através das palavras. Bem-vindo (a).

















































































































sábado, 26 de março de 2016

WALT WHITMAN



 
 

Tributo ao poeta e visionário: Walt Whitman
 
 
 
Hoje, 26 de março de 2016, comemoramos 124 anos de falecimento do escritor Walt Whitman. Esta semana, na oficina ‘O Poder das Palavras’ estudamos a biografia e bibliografia de Whitman.

"Livra-te de tudo que ofende a sua alma." Walt Whitman

Walt Whitman nasceu em Huntington em 31 de maio de 1819; faleceu em Camden, dia 26 de março de 1892.  Poeta; considerado como o "pai do verso livre". Era o segundo entre nove filhos. Na infância era embalado para dormir através do bater das ondas do mar nas escarpas, perto da casa de seus pais. Declarou, anos mais tarde, que esse ritmo irregular do vento e das ondas, penetrou em seu sangue e encontrou eco na cadência livre de sua poesia.
Gostava de olhar o mar e sentir esse compasso das ondas e descansar olhando o oceano. Seu professor, Mr. Benjamin Halleck, informou aos pais de Walt que o filho deles era um aluno muito preguiçoso. Os pais concordaram e decidiram que era inútil que Walt Whitman continuasse os estudos. A convicção dos pais e do professor era: “Temos certeza de que ele jamais chegará a coisa alguma”. Por isso, aos treze anos de idade, Whitman foi retirado de seus estudos e o colocaram para trabalhar como tipógrafo.
Mesmo trabalhando tirava suas horas de devaneios: “Fico na ociosidade e animo a minha alma. Reciclo-me e fico ociosamente à vontade, observando a haste de uma relva de verão”. Procurava o mistério da vida através da natureza, do mar, do céu e da relva.
O título de seu livro: Folhas de Relva, foi uma das suas mais felizes inspirações. Ela representa o símbolo perfeito da Poesia da Democracia. “As folhas de relva, como os homens comuns, são as mais simples e as mais vigorosas das plantas. Desprezadas, pisadas, crescendo melhor nos lugares mais obscuros, as folhas de relva se curvam, mas jamais se partem sob as vergastadas dos ventos furiosos. Enquanto que as plantas mais altas e mais duras se quebram, a planta rasteira continua a crescer e a espalhar-se por toda a parte”.
Escreveu seus poemas a respeito do íntimo parentesco de toda vida humana; todos os homens são mantidos pela única fonte espiritual, que é Deus; da mesma maneira que o vigor de todas as plantas provém do único seio comum... a Mãe Terra.
A primeira edição de Folhas de Relva foi em 1855 e somente um homem, Ralph Waldo Emerson, reconheceu a grandeza daqueles poemas: “Julgo ‘Folhas de Relva’ a mais extraordinária obra de espírito e sabedoria que a América já produziu”.  
Tornou-se o mais compassível dos poetas modernos.  Seu livro “Folhas de Relva” revolucionou a maneira de escrever.
 
"Folga comigo na grama, afrouxa o nó da garganta,

nem palavras, nem música, nem rimas estou querendo, nem

costume nem lição, nem mesmo do melhor,

quero só o acalanto, o murmúrio da tua voz valvar.”

 
 
Eu me planto no chão para crescer com a relva que eu amo,

se de novo me quiserdes, buscai-me embaixo das solas dos

vossos sapatos”.
 
 
O livro era como a vida do autor, honesto; baseado nos princípios de igualdade, piedade, religião e amor. Assim sendo, durante a Guerra Civil Americana ofereceu sua vida ao serviço hospitalar em Washington, cuidando dos feridos. Essa foi sua ocupação até o fim da guerra. Sua presença iluminava o ambiente hospitalar, era requisitado a toda hora nos leitos dos moribundos. Nunca fez distinção entre amigos e inimigos.  Todos, fossem do Norte ou do Sul, eram seus “Irmãos da Dor”.  Whitman não recebia pagamento para cuidar dos soldados enfermos agonizantes.
Porém, um falso amigo, disse ao diretor do Departamento do Interior, James Harlan, que Whitman tinha uma obra com “poesia perniciosa”.   Mr. Harlan, certa noite entrou no aposento do poeta, pegou um exemplar de “Folhas de Relva” e o leu. Na manhã seguinte, Whitman encontrou uma carta onde era dispensado do serviço voluntário.
Por causa de seu trabalho, de suas longas vigílias no leito dos moribundos, adquiriu uma enfermidade e sofreu um ataque de paralisia. Ficou alquebrado até o fim de seus dias. Coxeava pelo caminho e pela cidade, como um ser obscuro, solitário e, às vezes, faminto, ao ponto de procurar comida nas latas de lixo.
Ainda lhe restavam algumas edições de seu livro; por isso, com uma cesta ao braço, vendia seus livros de porta em porta. Certo dia de inverno rigoroso, uma viúva idosa, Mrs Mary Davis, teve pena do velho poeta, resolveu ajudar, dando-lhe alimentação. Um pequeno grupo de admiradores de sua poesia, triste por ver o poeta sem moradia, fez uma coleta de dinheiro e comprou uma minúscula casa em Camdem, Nova Jersey, cidade onde a mãe de Walt havia falecido; lugar que ele queria terminar seus dias.
Nessa casa havia apenas: uma cama, um caixote que lhe servia de escrivaninha, duas cadeiras, uma mesa sobre a qual havia um fogão a óleo, onde preparava a comida; e nada mais.  Algum tempo depois, Mrs Davis se mudou para lá para auxiliá-lo no que precisasse.
Nos últimos anos de sua vida, Walt Whitman escreveu raros poemas. Alguns constam à oitava edição de Folhas de Relva.
Dentre os poemas que ele escreveu nesta época, um pouco antes de falecer, é dedicado a nós brasileiros, pela ocasião da recém-nascida República no Brasil. Trata-se de um texto cheio de entusiasmo pela democracia brasileira, pleno de fé no futuro.
 

 Uma saudação de Natal

Bem-vindo irmão brasileiro! – teu vasto destino está dado.

A ti, a nossa mão amiga — um sorriso vindo do Norte —,
uma saudação cheia de sol!

(Que venha o futuro, com suas dificuldades e seu próprio fardo.

É nossa, é nossa a dor do nascimento, a busca da democracia a aprovação, a fé).

A ti estendemos hoje nosso braço, voltamos nosso pensamento — a ti, nosso esperançoso olhar.

Tu te juntaste aos livres! Tu passaste a ter brilho próprio!

Tu aprendeste direito a verdadeira lição de uma nação que brilha no céu.

(Mais brilhante do que a Cruz, mais brilhante do que a Coroa). O apogeu da suprema humanidade.
(Tradução de Reinaldo Azevedo, 2006)


 



HOMENAGEM

Esta semana, na oficina “O Poder das Palavras”, em agradecimento ao poeta modernista Walt Whitman, por ele nos saudar pelo nascimento da Democracia e, descrever tão bem, que temos de ser determinantes na fé à Democracia (pois somos um país de cidadãos livres e o Brasil brilha na constelação da liberdade) fizemos a ele uma homenagem.
Whitman tinha alma telúrica e, nada mais justo, do que escrever para ele, poesia moderna em folhas de plátano; no outono de nossos dias. Apresento o belo poema de Lya Gram.
 

 
FOLHAS DE RELVA
- para Walt Whitman -
                              Lya Gram

Hoje sou a criança a indagar a relva ignorada
Os cabelos crescidos da terra
De uma mãe natureza que esverdeia
Que romanceia
E que se penteia quando deixamos rastros.
 
 
A relva nascida da terra úmida
Quando esmagada
Libera o perfume cítrico
O cheiro de mato que embriaga.
 
 
As folhas da relva não são poucas
Visto que estes capilares
São mesmo como lenços de Deus
A enxugar as lágrimas dos céus
E fazer delas um brotar de esperança.
 
Walt irmão querido.
Será o teu firmamento o meu coração?
Às vezes penso comigo
Se a eternidade de uma vida
Vem quando outra não a deixa esquecida...
 
Não sei onde tú estás
Mas quero te dizer uma coisa
A relva aqui continua forte
Bem como a que estampou teu livro
Para sua memória e nossa sorte.
 
 
 






 
 
 
Com: Lidia Ribeiro, Adriana Ribeiro, Karina Muller Ruffino, Lya Gram, Hamilton Toledo, Ana Lícia Reis, Elizabeth, Suélen Cristoli.
 
 
 

 



Rita Elisa Seda
In: O PODER DAS PALAVRAS
LUGAR PLENO - PLENAMENTE
São José dos Campos - SP
 
 






 
 

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