Tributo ao poeta e visionário: Walt Whitman
Hoje, 26 de março de 2016, comemoramos 124 anos de
falecimento do escritor Walt Whitman. Esta semana, na oficina ‘O Poder das
Palavras’ estudamos a biografia e bibliografia de Whitman.
"Livra-te de tudo que ofende
a sua alma." Walt Whitman
Walt Whitman nasceu em Huntington em 31 de maio de 1819; faleceu em Camden, dia 26 de março de 1892. Poeta; considerado como o "pai do verso
livre". Era o segundo entre nove filhos. Na infância era embalado para
dormir através do bater das ondas do mar nas escarpas, perto da casa de seus
pais. Declarou, anos mais tarde, que esse ritmo irregular do vento e das ondas,
penetrou em seu sangue e encontrou eco na cadência livre de sua poesia.
Gostava de olhar o mar e sentir esse compasso das ondas e descansar
olhando o oceano. Seu professor, Mr. Benjamin Halleck, informou aos pais de
Walt que o filho deles era um aluno muito preguiçoso. Os pais concordaram e
decidiram que era inútil que Walt Whitman continuasse os estudos. A convicção
dos pais e do professor era: “Temos certeza de que ele jamais chegará a coisa
alguma”. Por isso, aos treze anos de idade, Whitman foi retirado de seus estudos
e o colocaram para trabalhar como tipógrafo.
Mesmo trabalhando tirava suas horas de devaneios: “Fico na ociosidade e
animo a minha alma. Reciclo-me e fico ociosamente à vontade, observando a haste
de uma relva de verão”. Procurava o mistério da vida através da natureza, do
mar, do céu e da relva.
O título de seu livro: Folhas de Relva, foi uma das suas mais felizes
inspirações. Ela representa o símbolo perfeito da Poesia da Democracia. “As
folhas de relva, como os homens comuns, são as mais simples e as mais vigorosas
das plantas. Desprezadas, pisadas, crescendo melhor nos lugares mais obscuros,
as folhas de relva se curvam, mas jamais se partem sob as vergastadas dos
ventos furiosos. Enquanto que as plantas mais altas e mais duras se quebram, a
planta rasteira continua a crescer e a espalhar-se por toda a parte”.
Escreveu seus poemas a respeito do íntimo parentesco de toda vida
humana; todos os homens são mantidos pela única fonte espiritual, que é Deus;
da mesma maneira que o vigor de todas as plantas provém do único seio comum... a
Mãe Terra.
A primeira edição de Folhas de Relva foi em 1855 e somente um homem,
Ralph Waldo Emerson, reconheceu a grandeza daqueles poemas: “Julgo ‘Folhas de
Relva’ a mais extraordinária obra de espírito e sabedoria que a América já
produziu”.
Tornou-se o mais compassível dos poetas modernos. Seu livro “Folhas de Relva” revolucionou a
maneira de escrever.
"Folga
comigo na grama, afrouxa o nó da garganta,
nem
palavras, nem música, nem rimas estou querendo, nem
costume
nem lição, nem mesmo do melhor,
quero só
o acalanto, o murmúrio da tua voz valvar.”
“Eu me planto no chão para crescer com a relva que
eu amo,
se de
novo me quiserdes, buscai-me embaixo das solas dos
vossos
sapatos”.
O livro era como a vida do autor, honesto; baseado nos princípios de
igualdade, piedade, religião e amor. Assim sendo, durante a Guerra Civil
Americana ofereceu sua vida ao serviço hospitalar em Washington, cuidando dos
feridos. Essa foi sua ocupação até o fim da guerra. Sua presença iluminava o
ambiente hospitalar, era requisitado a toda hora nos leitos dos moribundos.
Nunca fez distinção entre amigos e inimigos.
Todos, fossem do Norte ou do Sul, eram seus “Irmãos da Dor”. Whitman não recebia pagamento para cuidar dos
soldados enfermos agonizantes.
Porém, um falso amigo, disse ao diretor do Departamento do Interior, James
Harlan, que Whitman tinha uma obra com “poesia perniciosa”. Mr. Harlan, certa noite entrou no aposento
do poeta, pegou um exemplar de “Folhas de Relva” e o leu. Na manhã seguinte,
Whitman encontrou uma carta onde era dispensado do serviço voluntário.
Por causa de seu trabalho, de
suas longas vigílias no leito dos moribundos, adquiriu uma enfermidade e sofreu
um ataque de paralisia. Ficou alquebrado até o fim de seus dias. Coxeava pelo
caminho e pela cidade, como um ser obscuro, solitário e, às vezes, faminto, ao
ponto de procurar comida nas latas de lixo.
Ainda lhe restavam algumas
edições de seu livro; por isso, com uma cesta ao braço, vendia seus livros de
porta em porta. Certo dia de inverno rigoroso, uma viúva idosa, Mrs Mary Davis,
teve pena do velho poeta, resolveu ajudar, dando-lhe alimentação. Um pequeno
grupo de admiradores de sua poesia, triste por ver o poeta sem moradia, fez uma
coleta de dinheiro e comprou uma minúscula casa em Camdem, Nova Jersey, cidade
onde a mãe de Walt havia falecido; lugar que ele queria terminar seus dias.
Nessa casa havia apenas: uma
cama, um caixote que lhe servia de escrivaninha, duas cadeiras, uma mesa sobre
a qual havia um fogão a óleo, onde preparava a comida; e nada mais. Algum tempo depois, Mrs Davis se mudou para lá
para auxiliá-lo no que precisasse.
Nos últimos anos de sua vida,
Walt Whitman escreveu raros poemas. Alguns constam à oitava edição de Folhas
de Relva.
Dentre os poemas que ele
escreveu nesta época, um pouco antes de falecer, é dedicado a nós brasileiros,
pela ocasião da recém-nascida República no Brasil. Trata-se de um texto
cheio de entusiasmo pela democracia brasileira, pleno de fé no futuro.
Uma saudação de Natal
Bem-vindo irmão brasileiro! – teu vasto destino
está dado.
A ti, a nossa mão amiga — um sorriso vindo do Norte —,
uma saudação cheia de sol!
(Que venha o futuro, com suas dificuldades e seu próprio fardo.
É nossa, é nossa a dor do nascimento, a busca da democracia a aprovação, a fé).
A ti estendemos hoje nosso braço, voltamos nosso pensamento — a ti, nosso esperançoso olhar.
Tu te juntaste aos livres! Tu passaste a ter brilho próprio!
Tu aprendeste direito a verdadeira lição de uma nação que brilha no céu.
(Mais brilhante do que a Cruz, mais brilhante do que a Coroa). O apogeu da suprema humanidade.
(Tradução
de Reinaldo Azevedo, 2006)A ti, a nossa mão amiga — um sorriso vindo do Norte —,
uma saudação cheia de sol!
(Que venha o futuro, com suas dificuldades e seu próprio fardo.
É nossa, é nossa a dor do nascimento, a busca da democracia a aprovação, a fé).
A ti estendemos hoje nosso braço, voltamos nosso pensamento — a ti, nosso esperançoso olhar.
Tu te juntaste aos livres! Tu passaste a ter brilho próprio!
Tu aprendeste direito a verdadeira lição de uma nação que brilha no céu.
(Mais brilhante do que a Cruz, mais brilhante do que a Coroa). O apogeu da suprema humanidade.
Esta
semana, na oficina “O Poder das Palavras”, em agradecimento ao poeta modernista
Walt Whitman, por ele nos saudar pelo nascimento da Democracia e, descrever tão
bem, que temos de ser determinantes na fé à Democracia (pois somos um país de
cidadãos livres e o Brasil brilha na constelação da liberdade) fizemos a ele
uma homenagem.
Whitman tinha
alma telúrica e, nada mais justo, do que escrever para ele, poesia moderna em
folhas de plátano; no outono de nossos dias. Apresento o belo poema de Lya Gram.
FOLHAS DE RELVA
- para Walt Whitman -
Lya Gram
Hoje sou a
criança a indagar a relva ignorada
Os cabelos
crescidos da terra
De uma mãe
natureza que esverdeia
Que romanceia
E que se penteia
quando deixamos rastros.
A relva nascida
da terra úmida
Quando esmagada
Libera o perfume
cítrico
O cheiro de mato
que embriaga.
As folhas da
relva não são poucas
Visto que estes
capilares
São mesmo como
lenços de Deus
A enxugar as
lágrimas dos céus
E fazer delas um
brotar de esperança.
Walt irmão
querido.
Será o teu
firmamento o meu coração?
Às vezes penso
comigo
Se a eternidade
de uma vida
Vem quando outra
não a deixa esquecida...
Não sei onde tú
estás
Mas quero te
dizer uma coisa
A relva aqui
continua forte
Bem como a que
estampou teu livro
Para sua memória
e nossa sorte.
Com: Lidia Ribeiro, Adriana Ribeiro, Karina Muller Ruffino, Lya Gram, Hamilton Toledo, Ana Lícia Reis, Elizabeth, Suélen Cristoli.
Rita Elisa Seda
In: O PODER DAS PALAVRAS
LUGAR PLENO - PLENAMENTE
São José dos Campos - SP
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