HENRIQUETA LISBOA
A poetisa,
ensaísta e tradutora Henriqueta
Lisboa nasceu na cidade de Lambari, no Estado de Minas Gerais, no dia
15 de julho de 1901, fruto da união entre o deputado federal João de Almeida
Lisboa e Maria Rita Vilhena Lisboa. Ela se torna, posteriormente, a
primeira escritora a ser eleita integrante da Academia Mineira de
Letras, em 1963.
Jovem
estudante, ela recebe o diploma de normalista no Colégio Sion de
Campanha, ainda em Minas. Logo depois, em 1924, ela se transfere para terras
cariocas. Henriqueta se devota à poesia prematuramente. Em 1929 ela já tem seu primeiro
poema, Enternecimento, premiado; ela angaria então o Prêmio Olavo Bilac de
Poesia da Academia Brasileira de Letras.
Sua
primeira obra, intitulada Fogo Fátuo,
foi publicada quando ela tinha apenas 21 anos, o que confirma seu talento
precoce. Ao público infantil ela reserva três livros – O Menino Poeta, de 1943; Lírica,
de 1958; e o relançamento, em 1975, do primeiro trabalho devotado às crianças,
lançado igualmente em disco pelo Estúdio Eldorado.


Um dos
maiores impactos em sua carreira literária é a participação no movimento
modernista, em 1945. Nesta época ela foi incentivada a integrar esta escola
pelo amigo Mário de Andrade, principalmente através das cartas que ambos
trocaram entre 1940 e 1945.
Em 1945, tornou-se Professora de Literatura
Hispano-Americana na Universidade Católica de Minas Gerais. Nas décadas
posteriores produziu livros de ensaios sobre literatura brasileira e
estrangeira, traduções e obras poéticas, entre as quais Flor da Morte, que recebeu em 1952 o Prêmio Othon Bezerra de Mello. Em 1963 tornou-se a primeira mulher eleita
membro da Academia Mineira de Letras.
Entre 1961 e 1968 foi organizadora da Antologia
Poética Para a Infância e a Juventude e da Literatura Oral Para a Infância e Juventude. Em 1984 recebeu, pelo
livro Pousada do Ser (1982) o Prêmio
de Poesia Pen Club do Brasil. Também
recebeu, em 1984, o Prêmio Machado de
Assis, concedido pela Academia
Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. Henriqueta Lisboa filia-se
à segunda geração do modernismo, embora seus primeiros poemas apresentem
inflexões simbolistas. Além da vasta obra poética para adultos, ela produziu
alguns dos melhores poemas infantis brasileiros.


Em sua
bibliografia consta: 1929, Enternecimento, pelo qual Henriqueta
ganhou o Prêmio Olavo Bilac de Poesia; Velário (1936); Prisioneira da noite (1941); O Menino Poeta (1943); A face lívida (1945), dedicado
à memória de Mário de Andrade, morto nesse mesmo ano; Flor da morte (1949); Madrinha
Lua (1952); Azul profundo (1955);
Nova Lírica ((1971); Belo Horizonte bem querer (1972); Pousada do ser (1982) e Poesia Geral (1985), coletânea de poemas
escolhidos pela própria escritora, extraídos do total de sua obra, a qual foi
publicada uma semana depois de sua morte.

Além dos
poemas, Henriqueta produziu várias traduções, ensaios e antologias. Escritora
de intensa sensibilidade, ela se devotou de corpo e alma à criação de seus
poemas. Ao longo de sua trajetória literária, a poetisa sempre se manteve
receptiva a novos estímulos e sugestões de seus contemporâneos, conquistando
assim inúmeros admiradores no meio artístico e intelectual, entre eles Mário de
Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília
Meireles e Gabriela Mistral.
Esta
célebre poetisa morreu em 09 de outubro de 1985, na cidade de Belo Horizonte.
Em 2002 houve vários eventos comemorativos em prol de seu centenário de
nascimento, quando então foram relançados vários de seus livros, em meio a
diversas realizações de natureza cultural.
Dentre os poetas brasileiros injustamente
negligenciados nas últimas décadas, Henriqueta Lisboa figura alto da lista
nacional. É urgente sua recuperação. Diz Ricardo
Domeneck, em artigo publicado em 2014, ao compará-la com sua colega
mais famosa, Cecília Meireles.
As páginas de poesia na Internet geralmente
concentram-se na obra inicial de H. Lisboa, mais mística e abstrata, dos poemas
de A face lívida (1945) e Flor da morte (1949), que foram, no
entanto, bem recebidos por críticos inteligentes como Sérgio Buarque de
Holanda. Mas, a obra final de Henriqueta Lisboa nos entregou uma poetisa não
apenas consciente de sua condição como mulher, como uma escritora, bastante
material.
Publicado pela Editora Global há alguns anos, o
volume Os Melhores Poemas de Henriqueta
Lisboa, com organização de Fabio Lucas, traz alguns dos excelentes poemas
de Além da imagem e exemplos do que
há de melhor em poesia minimalista no Brasil, com textos do volume Reverberações (1976), com o qual muitos
de nós hoje poderíamos aprender a escrever poesia realmente concisa, sem ser
desarticulada. Os poemas destes livros prefiguram o lirismo ‘coisista’ de
poetas como Hilda Hilst e Orides Fontela.
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